Bálsamo
Há muito tempo, eu penso em visitar Balsamo. É uma cidade que está entre nossas idas e vindas do Hotel Fazenda Foz do Marinheiro para São Paulo e outras loc...
Há muito tempo, eu penso em visitar Balsamo. É uma cidade que está entre nossas idas e vindas do Hotel Fazenda Foz do Marinheiro para São Paulo e outras localidades. Nosso Hotel e eu temos algumas particularidades e esta história contarei a seguir. Em 1999, quando inaugurei o Hotel Fazenda Foz do Marinheiro faltou-me alguns móveis para complementar e decorar algumas suítes. Numa quinta-feira à tarde, eu precisava finalizar uma das alas do hotel, onde os hóspedes entrariam na sexta-feira. Apesar de eu ser organizada e prevenida, a obra seria finalizada no dia da entrada dos hóspedes e o fato era que eu não tinha móveis suficientes para estes apartamentos. Foi quando meu marido falou-me vagamente que havia conhecido um rapaz que tinha um antiquário em sua casa em Votuporanga. Mais do que depressa peguei o carro e fui para Votuporanga em busca deste rapaz. Eu estava vestida com roupas de trabalho, calça jeans já meio suja, botas enlameadas e camisa úmida de água de chuva. Descrevo o traje, pois devo ter assustado o rapaz. Como se guiada por Deus, encontrei o local. Estava logo atrás de um laboratório de análises clínicas. Um rapaz muito agradável mostrou-me os móveis do antiquário empilhados em 2 ou 3 cômodos. Rapidamente, fiz minhas escolhas e ele gentilmente propôs-se a entregar-me e ajudar-me no dia seguinte. Ele não sabia quem eu era e vice-versa. Fiquei receosa que ele não entregasse e ele deve ter ficado receoso que eu não o pagasse, pois quem seria essa pessoa que entra e, em 30 minutos, compra parte do estoque? O fato é que tudo correu muito bem e os móveis fizeram toda a diferença. No dia seguinte, passamos uma tarde deliciosa na arrumação dos apartamentos e os hóspedes ficaram encantados com as peças. Procuravam-me na tentativa de comprá-los e eu indicava o Cleber Casado, ainda em Votuporanga. Passado um tempinho, ele mudou-se para a chácara da mãe à beira da rodovia no município de Bálsamo e iniciou com um único Galpão. Hoje tem um Mall (shopping) aberto com arquitetura peculiar, onde todas as lojas são feitas de “tulhas” de antigas fazendas transformadas em lojas únicas de extremo bom gosto e criatividade. O espaço com lagos, jardins, esculturas, proporciona passeios de relaxamento e diversão, além de ser lindo para sessão fotográfica. Um cenário único. Hoje, tem local dedicado para eventos e festas, casamentos e restaurante que atende todos os dias com serviço a la carte e um vasto menu. Tenha em mente o antiquário um local a ser visitado em nossa região. Bálsamo também fez parte do “Roteiro Guarani” criado em 2005, pelo secretário de Turismo da época, Fernando Longo. O roteiro era formado por sete cidades e avançou muito, mas infelizmente o projeto acabou. Fui vice-presidente do conselho de turismo da época e ajudei a formatá-lo. Hoje, saímos do Hotel Fazenda Foz do Marinheiro para visitar os locais. Entrando na cidade, paramos na praça da igreja da Paz, onde a padroeira é Nossa Senhora da Paz, que em 17 de novembro de 1920, teve início o povoado “Nova Paz de Bálsamo”. Todos os 35 comércios da cidade estão localizados principalmente ao redor da praça. Ela é adornada por 21 paineiras imperiais que representam os 21 estados do Brasil. Carinhosamente, durante algum tempo, os moradores deram o nome da cidade de “Cidade das Palmeiras”. A igreja estava fechada, mas passamos momentos agradáveis lá. Saímos da praça e demos uma volta na cidade onde vimos bairros novos com casas modernas. Fomos para a estação ferroviária que, na década de 1950, quando chegou a Estrada de Ferro, trouxe modernidade e facilitou o transporte do país. Em minha adolescência, quando viajamos de trem, lembro-me da breve parada em Bálsamo. Hoje encontrei um Senhor na estação e questionei-o: - O senhor toma conta da estação? Ele respondeu-me: - Não, a alugo há 20 anos. Aqui tenho minha fábrica de vermífugo que exporto para alguns países e forneço para o Brasil. O vermífugo é feito de alho, Nim, e sal em quantidades exatas. Ele é zootecnistae desenvolveu seu produto em pesquisas na Índia. Gostei tanto da história que trouxe uma caixa para nossos animais. Saímos de lá e fomos em um torrador de café, que aromatizava a cidade. Lá, soubemos que as cascas do café torrado incorporado ao solo é um ótimo desinfetante e ajuda na produção da borracha. As seringueiras de onde extraímos a borrachas são uma das riquezas de Bálsamo. O nome deu-se em função do riacho de Bálsamo, que tinha muitas árvores destas plantadas. A árvore é a mesma que a Cabreúva, árvore brasileira de madeira nobre. Bálsamo também é aroma extraído da árvore, uma planta de jardim, carnuda e com alto valor medicinal. Como diz o provérbio: “Ser como Bálsamo, que perfuma o machado e o fere”. Passamos um dia muito agradável na cidade de Bálsamo e, claro, almoçamos no Antiquário.