Ouroeste e o curioso Museu da Água Vermelha
Quem diria que teríamos um museu aqui no interior de São Paulo, na pequena cidade de Ouroeste? Localizada na microrregião de Fernandópolis, Ouroeste tem 8.4...
Quem diria que teríamos um museu aqui no interior de São Paulo, na pequena cidade de Ouroeste? Localizada na microrregião de Fernandópolis, Ouroeste tem 8.450 habitantes, foi moradia dos funcionários da construção da barragem da usina hidrelétrica da Água Vermelha e hoje é uma das mais ricas cidades do interior paulista graças à arrecadação do ICMS da usina no rio Grande. Fazia algum tempo que eu estava com vontade de conhecer o Museu da Água Vermelha, pois havia ouvido algumas pessoas falarem, mas, na verdade, preferia ver para crer. Este dia chegou. Saí do Hotel Fazenda Foz do Marinheiro, onde estou morando para realizar o trabalho e pesquisa desta região, com destino a Ouroeste, localizada a 55 km do hotel, que fica em Cardoso. Fui gentilmente recebida pela secretária da Prefeitura de Ouroeste. Numa antessala, alguns banners contam a história das escavações dos objetos expostos no museu. Em Ouroeste, as pesquisas iniciaram-se em 1997, quando a queda de uma enorme árvore expôs fragmentos arqueológicos de épocas passadas. Em 2011, deu início ao sítio arqueológico da cidade de Populina com a implantação das torres que transmitiam energia, na fazenda Bonanza. O material encontrado foi encaminhado para o laboratório de pesquisas arqueológicas e devidamente analisado. Constatou-se a autenticidade dos fragmentos e estes eram oriundos de antigas civilizações indígenas que habitaram a região na época que antecedeu a chegada dos portugueses. Com a continuidade das escavações, os pesquisadores foram entrando na história como em "páginas de um livro" e a conclusão foi de que os vestígios eram muito mais antigos a esta data. Entrei em uma pequena porta e a surpresa foi tremenda: a sala com ar condicionado na temperatura adequada para a conservação das peças e suas respectivas apresentações, a ambientação, a decoração, tudo cuidadosamente projetado. Um primor, uma surpresa. Realmente um museu de verdade, que, na minha opinião, deveria ser visitado por escolas e constar em guias turísticos e educacionais. Uma visita que vale a pena, uma apresentação de alto nível. Saímos do museu e fomos explorar a cidade, que possui ruas largas e arborizadas. Na praça principal, a igreja matriz. Na quadra em frente onde era a antiga rodoviária hoje é um local para festas e apresentações. Logo atrás existe uma das três escolas da cidade. Passamos na prefeitura, câmara, fórum e tivemos a oportunidade de conhecer a jovem prefeita da cidade. Saímos aos arredores e fomos à beira do rio Grande, que é simplesmente maravilhoso, com a mata ciliar abundante e exótica, águas límpidas e a fauna rica. Cheguei a me assustar com os saltos dos peixes que vimos a olho nu. Próximo à ponte que atravessa o rio existem alguns restaurantes nos quais o prato principal é o peixe. Seguimos mais um pouco e, na margem direita, avistamos a usina, local onde faremos uma futura visita. Paramos no restaurante chamado Fazendinha, que oferece gastronomia caseira à base de peixe. Em nosso retorno fomos visitar a cachoeira do Veloso, que ganhou este nome por estar localizada dentro da fazenda da família Veloso, antes privada e agora aberta ao público. Inacreditável uma cachoeira daquele porte e beleza em um local aparentemente plano, no córrego do Cavalo. Ao voltar vimos a imensidão de cana que tomou o lugar das fazendas de gado. Tivemos um dia incrivelmente proveitoso e finalizamos com um pôr do sol de tirar o fôlego.